segunda-feira, 14 de julho de 2008

IPCA em dificuldades financeiras

Ensino Superior Público sem orçamento
IPCA em dificuldades financeiras

A entidade barcelense já demonstrou as fragilidades ao Ministério da Ciência e Ensino Superior.
O IPCA (Instituto Politécnico do Cávado e do Ave) está com sérias dificuldades de tesouraria, à semelhança da generalidade das instituições de ensino superior do país, logo pode iniciar o próximo ano lectivo sem a certeza de poder pagar aos funcionários e fornecedores ou poder apostar em investigação e infra-estruturas essenciais. Em 2007/08 a verba dada pelo Governo só cresceu 2,4 por cento, quando teve mais 20 por cento de alunos (1538 para 1896), daí que a direcção teve de recorrer às propinas para equilibrar as contas.
A entidade barcelense já demonstrou as fragilidades ao Ministério da Ciência e Ensino Superior, por isso espera pacientemente por resposta afirmativa, talvez para Setembro, aquando do anúncio oficial das verbas estatais para universidades e politécnicos. “Confirmo que no IPCA vivemos dificuldades financeiras, tal como a maioria das academias. Estamos em crescimento, mas não em velocidade cruzeiro. Esperamos que o ministro [Mariano Gago] seja sensível ao problema”, declarou ao Barcelos Popular a docente e administradora Isabel Martins, que não achou porém oportuno revelar para já o corrente saldo ou o valor do orçamento solicitado para 2008/09.

Futuro ameaçado
O cenário do IPCA complica-se, não apenas pelo facto de há 13 anos ser gerido por uma comissão instaladora, o que não ajuda a direcção à concretização da gestão de infra-estruturas como a que em Setembro vai arrancar – o campus de Vila Frescainha S. Martinho, para onde se transferirá a Escola Superior de Gestão e cantina.
Por outro lado, a academia tem 53 por cento de ensino pós-laboral, o que faz com que uma hora de docência nocturna custe o mesmo que hora e meia diurna, situação que implica a necessidade de maior disponibilidade orçamental por parte da direcção do IPCA. O instituto também quer passar a formar 500 alunos por ano e, se o número de facto subir, a almofada financeira terá que ser outra, porque obriga a subida da despesa.
Aliás, a entidade é a que menos recebe por aluno (1685 euros/ano), menos paga por docente (a maioria faz 12 horas/semana, o máximo na lei, e há mestres equiparados a assistentes) e, ainda, os alunos bolseiros recebem “um terço” (30 euros) da média lusa.
Ficam assim ameaçados os projectos para lançar a Escola Superior de Tecnologia, a residência, a biblioteca ou novos centros de investigação. Como não se faz omeletes sem ovos, fica também menos fácil propor licenciaturas, mestrados, especializações, “e-learning” ou parcerias científicas com empresas e instituições internacionais, como ocorre com a Alemanha, Áustria, Itália e Polónia, entre outras. De qualquer forma, a direcção confia que as coisas se vão compor “com tranquilidade”.
Autor: Nuno Passos
Fonte: barcelos popular

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Futuro hipotecado

Está a chegar a nossa hora. Mais um mês e partimos para uma nova vida, deixamos de ser estudantes e passamos a ser, uns técnicos, outros trabalhadores indiferenciados, e outros passaremos a ser mais um número no imenso conjunto de números no desemprego.

Estas são as realidades com que nos vamos bater daqui a muito pouco tempo. Passamos aqui alguns dos nossos melhores anos. Passamos aqui algumas das nossas maiores angústias. Uns e outros com sonhos, uns e outros com mais ou menos oportunidade de sonhar, mas passamos todos por este Instituto que aprendemos a amar e a trazer no coração a sua bandeira, o IPCA.

Fui dos que lutou por esta bandeira, fui dos que lutou por este ideal de sermos nós e apenas nós, com o nosso ensino, com os nossos professores, com os nossos dirigentes académicos, com os nossos directores. Aprendi a lutar pelo IPCA como coisa nossa.

Confesso agora a minha angústia, a nostalgia e saudades do passado. Não sou um “Velho do Restelo”, apenas acho que o IPCA perdeu a sua maior chama: “acreditar no valor dos seus activos” – os estudantes, os seus dirigentes académicos e a sua capacidade de acção! Perdeu toda a sua riqueza que era a comunicação que havia com os alunos.

Afinal, não valeu a pena, afinal para que lutámos? Afinal onde está a nossa marca? Afinal onde estão os nossos professores, se a esmagadora maioria é originária da UM. Onde estão os nossos dirigentes académicos? Viram-nos? Lá vai o tempo em que este Instituto tinha uma Associação de Estudantes, lá vai o tempo em que nos ouviam e foram os alunos que já tiveram a maior palavra sobre mudanças na estrutura directiva deste Instituto.

Se fosse hoje e não 2003, não teria sido um dos 100% presentes nas reuniões de alunos que votaram na autonomia do IPCA. Se fosse hoje teria votado diferente e na integração na Universidade do Minho

Porque? Apenas porque passaram dois presidentes e estamos cada vez mais longe de ser uma casa de ensino que funcione para os alunos, que não sejam deixados para últimos como sempre.

Alguém sabe porque alguns dos melhores professores foram embora? Sim, aqueles que nos tiravam as dúvidas sem hesitar, que sabiam o que estavam a ensinar sem necessidade de ler acetatos.

Alguém sabe porque os serviços continuam arrogantes e inoperantes? Não há quem ponha ordem nisso?

Alguém sabe porque temos de trazer o nosso computador de casa para fazer um trabalho ou ir à internet?

Etc etc..

Afinal a luta não valeu a pena!

Não valeu a pena porque o presidente que entrou em 2003 simplesmente não quis saber dos problemas dos alunos.

Não valeu a pena porque o actual presidente eleito em 2006 não dá sinais de ser diferente do anterior.

Não valeu a pena! Hoje queria aqui neste espaço, pedir desculpa a todos os meus colegas que me ouviram e me viram lutar pela autonomia, aos que faltaram às aulas para estarem nas reuniões gerais de alunos e dizer-lhes que lamento profundamente não ter compreendido há uns anos que o caminho mais seguro, o caminho que nos daria mais garantias, o caminho que é melhor para a nossa vida futura, não era a autonomia que nada nos trouxe, a situação do orgulhosamente sós!

Sei hoje que quase todos os então presentes pensam como eu assim como os antigos dirigentes académicos com quem ainda me relaciono.

Ficamos convencidos que era melhor estamos sós, e quisemos estar sós, para estarmos cada vez mais sós, afinal quisemos estar sós, para continuarmos a ser os mais pequenos, afinal temos um record, o de ser o instituto que se mantêm em fase de instalação que não há no país situação igual.

Afinal mais valia estar com quem sabe estar, do que estar com quem apenas quer estar com os seus interesses que é a única explicação.

Em reflexão actual, como pode alguém ser contra a integração numa grande Universidade como a Universidade do Minho? É ela má? Os seus diplomas não valem nada nas empresas?

Sabiam que todos os presidentes que passaram por aqui são ou foram professores da Universidade do Minho?

Sabiam que a maioria (mesmo grande) dos professores do IPCA foram formados na Universidade do Minho e vieram dar aulas para cá com licenciatura? E mais continuam a chegar? E que apenas dois colegas do IPCA ficaram por cá a dar aulas? Quer dizer que a UM é melhor?

Isto é um desabafo talvez fora de tempo mas em tempo de dar um contributo diferente.

Cordiais saudações académicas